26 de junho de 2014

No Bico da Coruja #7 - Um árabe escondido na Avenida Paulista


Pode entrar, moça. A primeira vez que você descobre o que é a Tenda Paulista, e que ela existe na parte de lojinhas do lado de fora do Conjunto Nacional, é normal ficar encarando e na dúvida. 
Porém, voando pela Paulista, a Coruja percebeu a existência desse delicioso restaurante árabe. Resolvemos indicar e, para a nossa surpresa, descobrimos que ele existe há 17 anos no mesmo local.
O lugar parece apertado. Como a variedade de comida fica longe da entrada, com uma catraca separando, pode parecer má ideia entrar nesse cantinho. 
Porém, podemos dizer que o restaurante oferece desde comidas brasileiras até as melhores comidinhas árabes, como esfihas, charutinhos, kibes e kaftas. Tudo é muito bem feito, gostoso e o buffet é por kg. Pode ter certeza de que não sairá de lá descontente.
Ao entrar, uma surpresa, percebemos a existência de uma escada que leva para o piso superior, onde o espaço é bonito e enorme. Existem várias cadeiras estofas e longas, com 186 lugares para sentar. Além de tudo, o seu almoço vai ser muito confortável, por mais que o estabelecimento esteja cheio.


Deve ser por isso que o restaurante também resolveu apostar em uma espécie de lojinha, que vende diversos doces e salgadinhos árabes, além de oferecer bebidas e cafézinhos. Por isso, a Tenda Paulista pode ser uma bom lugar para relaxar no meio da tarde e tirar o stress. Para quem estiver à toa depois das 18h, a Tenda Paulista oferece música ao vivo às quartas, quintas e sextas-feiras. É legal saber também que esse cantinho  árabe faz encomendas de doces e salgados.


Café e Restaurante Tenda Paulista
Endereço: Avenida Paulista, 2113, Conjunto Nacional
Preço: 100 g- R$ 4,19
Horário de funcionamento: Todos os dias. O Café abre às 6h30 e fecha 23h e o buffet começa 11h e fecha às 14h30.Telefone para encomendas: Tel: (11) 3263.0776
Selo Coruja de conforto!

22 de junho de 2014

No Bico da Coruja #6 - Torta alemã e livros!

A Coruja resolveu variar em seus vôos e foi para longe da Avenida Paulista. Dessa vez, pousamos na Zona Norte de São Paulo para indicar um restaurante aconchegante e muito gostoso!


O Canto da Marechal tem esse nome porque fica na Rua Marechal Hermes da Fonseca, próximo à estação Santana do Metrô. À primeira vista, é um restaurante pequeno, mas bem elegante. O que chama a atenção logo de cara são as estantes de livros espalhadas pelas paredes.

Os clientes podem se deleitar lendo um bom romance enquanto esperam o prato, mas não é apenas isso. Podem levar o livro para casa e devolver depois, sem pagar nada por isso. Os sempre simpáticos donos do restaurante, Cláudio e Marceli, começaram o negócio há 5 anos, e desde então difundem cultura e comida boa.

Por falar nisso, ainda nem abordamos o principal: a comida. O cardápio conta com opções de massas, carnes e saladas, e dependendo do dia, há alguns pratos especiais como a feijoada no sábado. No entanto, independentemente do que você comer, não pode deixar de experimentar a torta alemã.


Não, não é holandesa. Essa é diferente, caseira, infinitamente mais gostosa e uma pedida obrigatória para quem quer uma boa sobremesa. Ir ao Canto da Marechal e não comer um pedaço de torta alemã é como ir à Torre de Pisa e não tirar uma foto clichê.
Essa torta não sobreviveu muito tempo após a foto
Restaurante Canto da Marechal
Endereço: Rua Marechal Hermes da Fonseca, 271
Preço: por volta de R$25
Horário de funcionamento: Terças às quintas, 12h às 15h. Sextas, 12h às 15h e 19h15 às 22h. Sábados, 12h às 16h e 19h15 às 22h. Domingos, 12h às 16h.
Selo Coruja de boas leituras!

P.S.: Um mapinha para os mais perdidos:

20 de junho de 2014

"Letting it go" - As princesas da Disney segundo o feminismo


Por: Victoria Schechter

Hoje, são poucas as famílias que ainda conservam aquele hábito de contar histórias para as crianças. Esse ritual foi substituído pela reunião em volta da TV, que se tornou a principal responsável por transmitir valores e padrões de comportamento aos adultos de amanhã. E quem melhor que Walt Disney para fazer isso?
Mesmo que muitos ressaltem o caráter comercial das produções Disney, suas adaptações de contos maravilhosos clássicos para as crianças de sua época nada mais fazem que seguir a tradição dos Irmãos Grimm, que também transpunham histórias medievais para seu contexto histórico-cultural. E, além disso, não dá para negar a influência que a Disney tem na sociedade ocidental contemporânea.
E não é de hoje: minha avó, do alto de seus 76 anos, adora contar sobre a primeira vez que assistiu “Branca de Neve e os Sete Anões” (no cinema) e quis ser igualzinha à primeira princesa do primeiro longa de animação da história. Quem diria que, meio século depois, sua neta se sentiria da mesma forma.
Quem nunca quis ser um personagem de ficção quando criança? Cada um tem seu preferido e, como religião e futebol, isso não se discute. São esses ídolos que modelam quem seremos no futuro, pois é neles que nos espelhamos. Que responsabilidade, hein, Walt Disney?
Questões da comercialidade dos filmes da marca à parte, comecei a pensar no quanto as princesas da Disney reproduzem a posição social da mulher em sua época, a qual deve ser transmitida às meninas da próxima geração. É gritante a diferença entre Branca de Neve, a primeira, e Elsa, do filme “Frozen”, de 2013. Tentei analisá-las cronologicamente (e também seus amados príncipes), considerando esse ponto de vista. Eis o que saiu:

1937: “Branca de Neve e os Sete Anões”. A primeira e a mais submissa de todas as princesas. É boa, brinca com os animaizinhos da floresta, canta feito um passarinho, obediente, faz serviço de casa (obrigada pela Rainha Má ou não, já que a primeira coisa que faz na casa dos anões é uma faxina) e não se aproxima dos homens (vide cena em que o príncipe aparece e Branca de Neve foge feito um bichinho assustado). Ela não contribui em nada para a resolução do nó na história. É a vítima passiva das circunstâncias, ingênua e facilmente enganada. Quem salva o dia: o caçador, os anões e o príncipe – homens.  
1950: “Cinderela”. Cinderela é a favorita de muita gente, mas também faz faxina e sofre nas mãos da madrasta e irmãs. A diferença é que a Gata Borralheira é esperta o suficiente para seguir as orientações da Fada Madrinha e realizar seu sonho (mesmo que este seja dançar com o príncipe). Passa as outras para trás, com a ajuda de seus amigos ratinhos, cachorros, galinhas e serviço completo, consegue experimentar o sapatinho de cristal e se casar com o cobiçado príncipe. E, diga-se de passagem, esse príncipe é tão “zero à esquerda”, que nem nome tem e só aparece em uma ou duas cenas.
1959: “A Bela Adormecida”. Apesar desse ser um dos desenhos da Disney que acho mais bonitos, especialmente devido à trilha sonora tirada do balé de Tchaikovsky, a ideologia não é lá essas coisas. Regredimos à princesa indefesa. Aurora é criada de maneira superprotetora (compreensível) e se apaixona pelo primeiro desconhecido que vê na estrada. Tudo bem que ele é o Príncipe Felipe (cof cof), mas não vamos questionar a razão de ser dos contos de fadas. Aurora sofre com seu destino: um casamento arranjado depois de desobedecer as ordens de não falar com estranhos. Só não sabe que o marido é justamente o bonitão do bosque, o que teria evitado muito drama. Ela não é, por isso, totalmente passiva, mas apenas a vítima de circunstâncias fora de seu poder. Quem resolve a história é, principalmente, o Príncipe Felipe, que é o primeiro príncipe encantado a ter um nome (aplausos!!!), e as três fadinhas. Muito parecido com Branca de Neve, não?



Estes três filmes formam uma primeira fase dos contos de fadas, já que o próximo demoraria 30 anos para ser lançado. Neles, o que está em jogo é a libertação de uma condição humilhante, não especificamente o amor. No contexto da primeira metade do século XX, o casamento era a maneira mais fácil para a mulher se libertar da proteção dos pais e se tornar adulta. Hoje, essa mensagem não é muito bem-vista, mas não é possível dizer que os filmes sejam pouco saudáveis, já que a mensagem da luta por liberdade está lá, mesmo que sob uma ideologia desatualizada.  

1989: “A Pequena Sereia”. Incrivelmente, quase no fim do século XX, a ideologia continua muito parecida. Acho que o trecho a seguir, dito pela bruxa-polvo, Úrsula (a melhor vilã da Disney, na minha opinião) ilustra bem o que quero dizer:  
“Tem razão, mas terá o seu homem. A vida é cheia de escolhas difíceis, não é? (...) Você terá sua aparência, seu belo rosto. E não subestime a linguagem do corpo! O homem abomina tagarelas, garota caladinha ele adora! Se a mulher fica falando, o dia inteiro fofocando, o homem se zanga, diz adeus e vai embora.. Não! Não vai querer jogar conversa fora?! É o que o homem faz de tudo para evitar! Sabe quem é mais querida? A garota retraída. E só as mais quietinhas vão casar!”
Oi?! E a garota cai nessa?! A perda da voz da mulher – ainda mais uma sereia, figura mitológica que seduz justamente pela voz – é claramente a perda de seu poder, sua ascensão, seu livre arbítrio. Ok, no final ela conseguiu o que queria (o bofe e o mundo com que tanto sonhava), mas só porque seu pai, não acostumado a ver a filha mimada se frustrar, a transforma em humana. Mérito nenhum à sereiazinha “aborrescente”. Ah, e para compensar pelo menos, a representação masculina no filme é ótima! Ao contrário da sua amada inconsequente, Erick toma atitudes com a cabeça e, no fim, tem grande papel na resolução da história.

1991: “Aladdin”. O protagonista agora não é mulher, mas, ao contrário de ser vítima das circunstâncias e só fazer bobagens, Jasmim é bem esperta! Ela questiona o casamento arranjado e chega a fugir de casa para conhecer o mundo. Ela ajuda a salvar o dia e, assim como Aladdin, é uma heroína da astúcia, não da força. Uma coisa que me chama a atenção é que, sendo esta a primeira princesa da Disney a se mostrar um pouco mais emancipada e forte, o cenário do filme é na cultura muçulmana, tradicionalmente conhecida por tratar as mulheres como inferiores.
Obs.: A partir daqui, ninguém mais limpa o chão nem passa os dias se embonecando!

1992: “A Bela e a Fera”. Agora sim! Bela é a primeira princesa nerd! Adora ler, cuida do pai e rejeita o bonitão da cidade para se apaixonar pela Fera - monstruosa, sim, mas com um enorme coração. Este é o primeiro filme que mostra um amor adulto, algo que se constrói, não que acontece da noite para o dia, algo que possibilita o crescimento de ambas as partes. Para completar, Bela é quem salva primeiro seu pai, depois a Fera. Tudo bem que ela se mete em encrenca ao tentar fugir e é salva pela Fera, mas a Disney não podia fazer uma Fera assim tão fracote, não é? Tudo bem ser salva pelo macho uma vez ou outra, fica até mais romântico!
 Esse é meu filme favorito da Disney de todos os tempos! Uma arte linda, uma trilha sonora inigualável e a história mais cativante que já houve.
1994: “Rei Leão”. Novamente, a princesa-leão não é protagonista, mas, como são animais, Nala está de igual para igual com Simba. E, de fato, entre os leões, quem caça são as fêmeas! Nala nunca é comentada como um símbolo de emancipação feminina como outras personagens da Disney, mas a personificação dos animais permitiu essa representação no filme.
1995: “Pocahontas”. É uma história verídica (como mostrado no filme “Novo Mundo”) e bastante parecida com a nossa “Iracema”. Pocahontas é tudo o que Ariel deveria ser. Ela também vive no mundo da Lua e não se encaixa entre os seus, mas, quando se apaixona por alguém pertencente a outro universo, tem consciência de que é um amor impossível e, ao em vez de escolher entre um lado ou o outro, tenta conciliar os dois e acaba, a curto prazo, conseguindo. (Considerando apenas a metade da história mostrada pela Disney, pois a versão realista é bem diferente). Aqui também o amor não é à primeira vista. O que acontece é mais um fascínio pelo desconhecido, em que um ensina o outro e ambos vencem seus preconceitos.  
1998: “Mulan”. Ela é mulher, mas, não conformada com isso, faz tudo que um homem faz também! Muito como Bela, sacrifica-se pelo pai e, com sua esperteza, acaba salvando o país. Tudo isso em uma sociedade muito repressora. Mulan é a Khaleesi das Princesas Disney! (E não é só porque também tem um mascote dragão, claro.)
Acho que esse revestimento de masculinidade dessa mulher (porque ela não é princesa) representa a libertação total feminina, que, daqui em diante, pode ser e fazer o que quiser, até mesmo coisas de homem, e continuar sendo feminina.  

2009: “A Princesa e o Sapo”. Dez anos depois, vem a primeira princesa negra da Disney! Afinal, já estava na hora! Tivemos inglesas, francesas, alemãs, árabes, indígenas, chinesas, sereias, LEÕES... Este é o primeiro filme também a se situar na realidade contemporânea. Para mim, talvez, o filme perca um pouco da magia exatamente por isso: é direto ao ponto demais. Tiana é uma garota urbana, trabalhadora e durona. Não é princesa de fato, mas se veste como uma para uma festa à fantasia a que não queria ir. Só então começa a magia no filme: quando encontra o sapo falante e acaba sendo também transformada em uma sapa. Tiana não sonha com o príncipe (ao contrário de sua amiga branca, rica e infantil); sonha, sim, com o seu  restaurante e acaba esbarrando com o príncipe no meio do caminho - um príncipe que nem é tão príncipe assim, diga-se de passagem. Mais ou menos como em “A Bela e a Fera”, eles amadurecem um com o outro e acabam se apaixonando mesmo como sapos. A moral da história: não adianta construir a sua vida em torno do príncipe encantado, porque ele pode acabar sendo mesmo só um sapo. Mas, por outro lado, não se deixe levar pelo trabalho e as pressões do mundo, pois, apesar de tudo, o amor existe, afinal, como Tom Jobim já dizia: “É impossível ser feliz sozinho.”
Com “A Princesa e o Sapo”, para mim, encerra-se uma segunda fase, que gosto de pensar como a dos filmes de Allan Menken (o compositor das trilhas sonoras de todos os filmes anteriores a partir da “Pequena Sereia”). São personagens e contextos muito variados, mas, tirando o filme de 1989, é possível perceber princesas mais contestadoras, inteligentes e fortes, além do fato de, desde “A Bela Adormecida” ninguém mais passar horas se embonecando ou fazer serviço de casa. Os príncipes, os modelos de objeto de atração para as garotas, também estão mais parecidos com pessoas de verdade, não com figuras idealizadas; alguém com quem se pode crescer, aprender e melhorar.
Passemos à nova fase da Disney que está se saindo melhor que a encomenda:

2010: “Enrolados”. O primeiro filme da nova linha de desenhos Disney, com uma técnica maravilhosa e retornando aos contos de fadas clássicos. A história de Rapunzel é, obviamente, outra de libertação, e ela é, com certeza, a princesa mais desmiolada de toda a Disney (o que é, diferente de Ariel, justificado, já que viveu toda a vida em uma torre). Mas o casal desajeitado e pouco provável devolve a magia à história. Rapunzel não busca um príncipe, sim um sonho: conhecer o mundo. Aqui, outra vez, repete-se a relação de complementação do casal, não de submissão. Flyn salva Rapunzel, Rapunzel salva Flyn e eles acabam se apaixonando no final, mesmo que Flyn não goste desse tipo de coisa clichê.

2013: “Frozen”. Chegamos ao ápice da emancipação feminina nas produções da Disney. O amor em Frozen não é entre um homem e uma mulher, sim aquele entre duas irmãs – o mais relevante, ao menos. Além disso, temos duas personagens femininas fortes: uma princesa e, pela primeira vez, uma rainha! Elsa tem dificuldade para se aproximar das pessoas (o que fica representado pela questão dos seus poderes e toda a coisa do gelo – metáfora de sua frieza). Anna, a garota totalmente comum, sonhadora e desajeitada (ela cai o filme inteiro!), não entende a irmã e se sente só, até que se apaixona à la “Branca de Neve”. No fim, acaba que o príncipe encantado é o vilão e Anna acaba se apaixonando por Christoph, o garoto simples com quem trilha sua jornada (novamente, o amor construído). E temos aí a cena mais significativa de todas, que me inspirou a escrever este texto: Anna é quem beija Christoph nos momentos finais!!! Quer mais libertação que isso?! Já Elsa atinge sua felicidade por meio do entendimento com a irmã, não pelo amor por um homem. Não significa que ela não o queira, mas que não é necessário para que seja uma pessoa estável e realizada. Este filme fala sobre solidão. Todos os personagens principais são muito solitários e têm dificuldade para mudar isso.

Nesta terceira fase ainda em curso, as mulheres estão longe de ser perfeitas e também se apaixonam por homens longe de serem perfeitos (Flyn, um criminoso procurado, e Christoph, um garoto criado por trolls que anda por aí com sua rena de estimação). Para mim, esta é uma mensagem muito saudável para se passar às crianças, isto é: você não precisa ser perfeito para ser feliz, porque, afinal, o que é perfeito nessa vida?


16 de junho de 2014

A felicidade é egoísta

Acordou suspirando de prazer, a melhor coisa era dormir até acordar. Não pensava isso à toa, era fim de semana. Fechou mais uma vez os olhos aproveitando o silêncio, de certo podia dizer que era uma pessoa que prezava muito por sua própria felicidade.
Sei que a primeira vista tal informação parece soar estranha e ela “encaraminholava” sobre como tal jeito de raciocinar era egoísta. Tinha certeza disso, mas nunca conseguiu expressar sua maneira de ver o mundo a ninguém.
Às vezes, ela achava que toda essa história de prezar muito pela felicidade só atrapalhava. Se não estava muito feliz é porque estava triste e isso, de fato, atrapalhava muito. Levantou-se um pouco mole, podia jurar que sempre tentava não deixar de ficar feliz por qualquer coisa, porque sabia que tal atitude poderia deixá-la triste e ela prezava muito por sua própria felicidade. De qualquer jeito, tinha os seus lapsos, ficava triste por coisas extremamente bobas e, de vez em quando, tinha tristezas inconscientes.
Saiu andando pela casa. “Todo mundo tem aquela voz aguda ou grossa que diz os seus medos mais insanos em momentos que não se está bem”, refletiu. Mas é por prezar muito pela sua felicidade, que ela dava um jeito de esquecer todos esses fatores.
Depois de tal reflexão, permitiu-se indagar se poderia dizer que era possível esquecer enquanto ainda lembrava. Esquecia em determinados momentos, mas, quando parava e pensava, poderia lembrar-se. Era certo dizer que esqueceu-se de algo do qual sabia que não havia apagado completamente da memória, sem ter mais vestígio algum?
E o contrário, poderia se esquecer de algo do qual não se lembrava? Porque, naquele exato minuto, esqueceu-se do que estava fazendo na cozinha. Mas, como se esquece de algo do qual não se lembra?
Deu de ombros, isso não importava, porque era uma pessoa que prezava muito por sua felicidade pessoal. E, no momento, queria pensar nisso. Queria esquecer-se da questão que sabia que ainda podia lembrar.
Mas, voltando ao foco principal, sabia que era egoísta. Não conversava com alguém que não gostasse e não tratava mal as pessoas pelo mesmo motivo. Não queria tolerar pessoas ou situações que provocassem qualquer tipo de sentimento ruim.
Evitava situações ruins porque isso acabava com a sua felicidade. Sentou-se na cadeira e enterrou a cabeça entre as mãos, agora também pensava que era igualmente extremista. Odiava falar sobre coisas tristes, pois só a memória de algo ruim já fazia com que ela não ficasse 100% feliz e ela prezava muito por seu 100% de felicidade. Aliás, qualquer sentimento de infelicidade já significava que não estava completamente feliz.
Ao mesmo tempo, não queria que as pessoas das quais mais gostava ficassem próximas, pegando tristezas que não eram delas. Se não podia evitar tais situações, tentava ficar bem o mais depressa possível. Resumindo, não queria que as pessoas que adorasse ficassem tristes por sua culpa, porque isso a faria ficar triste e não podemos esquecer de que ela prezava muito por sua felicidade própria.
Devia ser por isso que todos os dias ela falava boa noite para o cobrador, apesar de ele estar com a mente distante ou muito mal humorado na maior parte das vezes. Pode parecer simpático, mas a verdade é que ela só prezava por sua própria felicidade.
De vez em quando o cobrador dava um oi animado. Às vezes sorria, saindo de um devaneio. E, de alguma forma, isso a fazia feliz. Sempre cumprimentava as pessoas porque isso faz elas se sentirem lembradas e não podia ter em sua memória um dia em que tratou muito mal alguém conscientemente e que não merecesse, porque ela prezava muito por sua própria felicidade. Mantinha as suas amizades, pois não queria ser sozinha no mundo, afinal, isso a deixaria infeliz.
Adorava ver duas pessoas conversando, beijando-se e rindo até cansarem-se, porque isso significava que ela também poderia estar em situação parecida. Ora, não sei qual é o espanto, ela apenas prezava muito por sua felicidade própria e quanto mais indícios tivesse de que ela era possível e alcançável por diversos meios e pessoas, melhor.
Deve ser por isso, aliás, que não suportava ver alguém sofrer. Ver alguém triste acabava com a sua felicidade, e ela prezava muito por ela. Queria um mundo mais justo, uma sociedade em que as coisas funcionassem e que as pessoas não fossem tão deprimidas. Mas não se iluda, é que em um mundo assim seria tão mais fácil ser feliz também.
Para ela, a própria felicidade era a coisa mais importante do mundo. Lamentava que as pessoas não dessem tanta importância para as suas próprias hoje em dia ou não fossem tão egoístas. Ao dizer isso em voz alta, pulou da cadeira. Ficou feliz ao lembrar-se do que não havia se esquecido que iria fazer na cozinha.

13 de junho de 2014

No Bico da Coruja #5 - Para comer uma bela macarronada na Pamplona


Se você ficou um pouco desnorteado nesse último dia 12 de junho, normal. Não é todo dia que acontece a abertura da Copa no Brasil ao mesmo tempo em que é comemorado o dia dos namorados. Por isso, antes que o juiz dê o apito final do último jogo e sua namorada ou namorado também, a Coruja decidiu trazer no bico um restaurante para evitar que o problema de "onde nós vamos no after/before jogo" aconteça de novo. Desde 1980, o restaurante Osteria Generale está na Rua Pamplona, número 957, Bairro Jardim Paulista.
Provavelmente a primeira coisa que você tenta entender quando entra lá é o que aquele monte de camiseta de time está fazendo no teto. Depois, é bem capaz de você sentir como se estivesse em um restaurante um pouco mais chique, com garçons que te tratam muito bem, indicam a mesa, servem, etc. 

Mas a verdade é que o Osteria não é nada disso. O Osteria é tudo isso e mais um pouco. Esse cantinho meio escondido é um misto de espaço acolhedor e ambiente agradável, ao mesmo tempo em que é bonito,  romântico, um pouco caro e muito gostoso.
Digo caro porque não é um lugar que dá para ir todos os dias. Deixe o Osteria para momentos especiais. As massas, que são a especialidade da casa, custam em torno de R$70,00. E, pode não parecer, mas o prato de macarrão serve muito bem duas pessoas, quiça três. 


Outro detalhe importante é que o Osteria Generale faz a sua própria massa e molho. Só quem sabe o prazer de comer massa e molho caseiros entende perfeitamente do que eu estou falando. Vale citar também que há uma filial na Rua Dr. Fausto Ferraz, número 163, Bairro Bela Vista, e que existem pratos mais baratos sim, como vocês podem ver na foto.
Um detalhe particular é que o Osteria abre de segunda a segunda, 365 dias por ano, das 11h30 às 23h30, ou até o último cliente ficar com torcicolo tentando adivinhar de quais times são todas aquelas camisetas.

Agora você já sabe aonde ir no próximo jogo da Copa que estiver rolando um clima meio romântico ou onde ir quando estiver querendo comer um belo maccheroni com os amigos. Então, buon appetito!


Osteria Generale
Endereço: Rua Pamplona, 957
Preço: De R$ 45,00 a R$ 70,00 
Horário de funcionamento: de segunda a segunda, das 11h30 às 23h30
Selo Coruja de massa italiana caseira!

6 de junho de 2014

No Bico da Coruja #4 - Fusão de comida brasileira e japonesa

A recomendação da Coruja essa semana é especialmente para você que está afim de comer um sushi, sashimi ou temaki mas não quer abrir mão de um bom e velho arroz com feijão. Confira mais uma descoberta pelos arredores da Avenida Paulista!

Discreto em meio a outros, o restaurante Carriel esconde-se como uma pérola oculta da culinária executiva. Espaçoso e amplo, apresenta um apetitoso buffet self service de comida brasileira na entrada, onde é possível comer vários pratos por um preço muito agradável: R$3,49 é o que você paga por 100g. 

Desde as saladas até os grãos e carnes, tudo é bem gostoso nesse restaurante, mas a surpresa fica no final. Uma outra prateleira oferece produtos da gastronomia japonesa!

Os sushis são bem variados e são cobrados junto com o resto da comida. Já o sashimi e o temaki (muito saboroso, por sinal) têm preço à parte e são um pouco caros: R$9,99.



O bom de comer no Carriel é que você pode se servir de um prato normal e, se estiver com vontade, comer um temaki como se fosse uma sobremesa. Mas cuidado: o prato e as conchas são enormes e você pode pegar bem mais do que estava esperando.
O temaki é muito gostoso, porém cobrado à parte
O prato mais parece um salão de festas

Carriel Restaurante
Endereço: Rua Augusta, 1815
Preço: 100g - R$3,49
Horário de funcionamento: de segunda a sexta
Selo Coruja de comida nipobrasileira!

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